Resumo:
A tradicional caderneta de poupança mantém a preferência dos brasileiros enquanto alternativa de reserva financeira. De acordo com um estudo da CNDL em parceria com a SPC Brasil, 60% dos que conseguem manter uma reserva financeira preferem a poupança.
Apesar de ser a menos rentável das opções de investimento, o maior problema é que a caderneta muitas vezes concentra todas as aplicações dos investidores. A pesquisa aponta que somente 16% dos poupadores brasileiros diversificam seus investimentos e 63% colocam todo o dinheiro em uma só aplicação.
"Diversificar os investimentos é a forma que o poupador tem de se proteger contra uma eventual desvalorização de alguma das suas aplicações, amenizando riscos e encontrando formas de compensar perdas", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Ela complementa: "se uma determinada aplicação não tiver um bom retorno em certo período, a distribuição dos recursos em outras aplicações pode equilibrar a rentabilidade final".
No ranking dos investimentos, o Tesouro Direto e a renda fixa predominam.
Com a queda contínua da taxa Selic que, junto com a Taxa Referencial, forma a base de cálculo da rentabilidade da poupança, aqueles que investem nessa modalidade estão ganhando cada vez menos. Além disso, a rentabilidade não é diária, e sim mensal.
Pela fórmula atual, aplicações feitas a partir de 2012 na poupança rendem 70% da Selic + a Taxa Referencial (TR) quando a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano — o que é o caso. A TR, há 25 meses, está mantida em 0 pelo Banco Central — ou seja, o rendimento anual da poupança é de 3,5% ao ano, ou 0,3% ao mês.
Com isso, uma aplicação de R$ 1 mil rende cerca de R$ 3 em um mês. Como a inflação medida pelo IPCA acumulada nos últimos 12 meses foi de 2,89%, a rentabilidade real da poupança é baixíssima comparada a outras opções de investimento no campo da renda fixa.
Número de poupadores aumentou; principal motivo é proteção
A pesquisa, no entanto, trouxe um dado positivo importante: em um ano, o número de poupadores saiu de 17% para 21% dos brasileiros. Em setembro, cada poupador conseguiu economizar, em média, R$ 453,73.
A proteção contra imprevistos é a principal razão para a formação de um "pé-de-meia" na poupança, com a preferência de 52% dos investidores. Segue-se a vontade de garantir um futuro melhor para a família (37%) e economizar para abrir o próprio negócio (17%) — opção empatada com a aposentadoria e quitação da casa própria.
Por outro lado, 47% dos entrevistados que não investem apontam como motivo a insuficiência da renda. A incidência de imprevistos (17%), dificuldade no controle de gastos (15%) e falta momentânea de renda (12%) são outros impedimentos apontados.
José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil, explica que é possível investir uma quantia mensal fixa sem, necessariamente, ter um salário alto. “A formação de reserva não requer, necessariamente, valores altos. O que faz diferença no fim das contas é frequência e a disciplina em guardar recursos”, explica.
Apesar do maior número de aplicadores, 40% dos poupadores precisaram liquidar parte dos investimentos. Destes, 11% passaram por imprevistos e 10% usaram os recursos para quitar dívidas em atraso.
Para Vignoli, o investidor precisa ter diferentes reservas financeiras para cada objetivo. “O recomendável é que os poupadores tenham distintas reservas. Uma para imprevistos, em que ele consiga resgatar esse montante a qualquer momento. E outras específicas para cada objetivo, como realizar um sonho de consumo e também para a aposentadoria. Dessa forma, sonhos não são interrompidos quando houver uma emergência”, afirma.