A determinação de uma quarentena sem previsão de duração deixou muitos empresários assustados com a possibilidade de queda ou até mesmo a paralisação nos negócios - muitos tiveram que adaptar seu modelo à nova realidade. Agora, muitas cidades brasileiras se preparam para flexibilizar as restrições permitindo que alguns estabelecimentos reabram suas portas.
Supondo que daqui em diante não tenhamos mais de lidar com essa reclusão, quais aprendizados ficaram desse período para a sua empresa?
Uma das grandes lições que o isolamento social trouxe para os negócios foi a necessidade de digitalização. Independente do porte, todas as empresas foram obrigadas a redescobrir uma maneira nova de se aproximar do cliente - algumas começaram do zero, outras aprenderam com os erros.
O programa SOS Empreendedor, do Fórum de Jovens Empreendedores (FJE) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na última terça-feira (30/6), elencou aprendizados importantes para esse momento com a ajuda de David Kubes, palestrante internacional e treinador de Access Consciousness, Rodrigo de Oliveira Neves, especialista em Tecnologia para internet, e João Augusto Rocha, diretor de negócios em cooperativa de crédito e especialista em gestão de varejo bancário.
O SOS Empreendedor é apresentado por Alessandra Andrade, vice-presidente de relações com a juventude e inovação da ACSP e gestora do FAAP Business Hub, e Nando Gaspar, coordenador geral do FJE.
1 - BUSCAR CRÉDITO SEM PLANEJAMENTO
A liberação de crédito para pequenos negócios se tornou uma luz no fim do túnel frente à crise do novo coronavírus. Com novas linhas de financiamento disponíveis nos bancos, é preciso estar atento ao que o mercado está oferecendo e praticando em termos de juros e prazos.
No entanto, Rocha afirma que a maioria dos empreendedores erra ao optar pelo acesso ao crédito antes de saber qual é o verdadeiro produto que precisaria. O especialista esclarece que há outras soluções no mercado, e até outras atitudes mais eficazes que nem sempre virão através do crédito.
“Algumas linhas de crédito podem ser prejudiciais, dependendo do momento que a empresa vive. Trabalhar mais a oferta ou inovar na entrega podem ajudar muito mais”, diz.
2 - REDUZIR CUSTO PARA AUMENTAR LUCRATIVIDADE
As vendas, sem dúvidas, são responsáveis por impulsionar a receita de uma empresa, sobretudo em períodos de crise. Entretanto, Rocha destaca que elaborar estratégias de redução de custos que realmente funcionem requer uma análise aprofundado da dinâmica de vendas e do comportamento dos clientes.
“Nesse embalo você pode modificar coisas que seu consumidor não estava pronto para aceitar nesse momento”.
3 - TER UMA CONTA BANCÁRIA ÚNICA
Reforçando a importância de aprender a lidar com as finanças pessoais, Alessandra destaca que utilizando uma única conta, despesas e receitas pessoais e profissionais se misturam, e tornam a análise financeira bem mais complicada. O ideal é ter contas bancárias separadas.
“É o dinheiro do seu negócio e não da sua vida. Não é para pagar a escola do filho e um fornecedor com a mesma receita. Essa separação é importante para a saúde de uma empresa”.
4 - NÃO CONSIDERAR SUA REMUNERAÇÃO COMO DONO
Para ganhar ainda mais precisão no controle financeiro da sua empresa, Alessandra aconselha estabelecer um salário fixo pelos seus serviços - pois você terá sempre o mesmo valor em mãos para consumo e o pagamento de dívidas sem comprometer o lucro da empresa.
“Assim, diminui o risco de usar o caixa da empresa com gastos extras. É importante ter em mente que o lucro da empresa é uma coisa isolada dos seus gastos pessoais mensais”, diz.
5 - MANTER CANAIS QUE NÃO FUNCIONAM
Já se perguntou se seu site está adequado àquilo que sua empresa oferece hoje em dia? Se ele oferece boa navegação, possui boas estratégias de busca, apresenta o telefone correto ou tem um formulário de contato que funciona? Seu site divulga suas redes sociais? Se sim, elas estão atualizadas?
Essas respostas valem ouro para a divulgação de seu negócio, segundo Neves. Redes sociais desatualizadas passam a mensagem de um negócio abandonado, desleixado, enquanto tudo o que o consumidor procura é um canal de atendimento ágil.
“Se a sua disponibilidade de contato for um e-mail, fica bem complicado. A digitalização nos trouxe a sensação de imediatismo. Os clientes precisam de soluções e isso normalmente se dá melhor pelo Whatsapp ou por chats on-line. O cliente está atrás de solução”.
Neves destaca que criar um e-commerce, site ou aplicativo e deixá-lo sem manutenção evolutiva é outro erro comum entre os empreendedores. Desde o leiaute até o conteúdo apresentado precisam passar uma imgem de negócio atualizado, cheio de funcionalidades e recursos.
6 - MANTER SEU NEGÓCIO EM ISOLAMENTO
Não é possível prever por quanto tempo o novo coronavírus afetará o funcionamento das empresas. O isolamento total ou parcial pode permanecer ao longo do ano e por essa razão Kubes defende que o empresário tem tempo suficiente para analisar e organizar seu negócio.
“O isolamento é para a sociedade. Quem empreende está a todo vapor, arrumando a casa, oferecendo serviços e soluções para esse momento. Estamos em um ótimo momento para ajustar contas, pagamentos, rever fornecedores e formatar um planejamento detalhado para a empresa”.
7 - CONFINAMENTO NÃO TRAZ PRODUTIVIDADE
Nunca tivemos tanto tempo para tirar alguns planos do papel, entretanto dividir seu ambiente de trabalho com a família pode parecer uma ameaça à sua produtividade. Kubes defende que não. A possibilidade de passar mais tempo com a família, de usar o tempo que era gasto em deslocamentos com atividades mais prazerosas, seja com a prática de esportes, a leitura de um livro ou consumindo conteúdo digital pode fazer muito bem à sua produtividade.
“Esqueça aquela percepção negativa sobre os impactos psicológicos do isolamento. Estamos em casa, seguros e com saúde. Nunca tivemos tanto tempo para nos dedicar àquilo que realmente queremos”, diz.