Para se ter sucesso no empreendedorismo, é preciso tempo. Mas e quando nesse tempo acontece uma pandemia? É preciso inovar e aprender a lidar com os imprevistos do momento.
Ao G1, o gestor de negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Eliezer Sales Ramos, diz que, para fazer empreendedorismo na pandemia imposta pelo novo coronavírus, a palavra secreta é inovação, assim como em qualquer crise.
"É preciso rever o seu modelo de negócio e se adequar à nova realidade, a qual exige novidades em produtos e serviços, na experiência de compra, na qualidade das entregas. A primeira coisa será realizar um diagnóstico de como está a sua empresa, finanças e vendas, principalmente. Identificar o que está atrapalhando e o que pode mudar e criar ações práticas para obter resultados rápidos. Precisa estar atualizado, fique atento às mudanças que estão acontecendo no mercado e na concorrência, para criar ações efetivas e eficazes. Mostre para seus clientes a sua preocupação com a higienização e como esse processo é realizado na sua empresa", explica o gestor.
Especialista dá dicas de como empreender pela internet
Qual o sentido de empreender em momentos de crise? O gestor conta ao G1 que isso significa superar desafios, aproveitar oportunidades oferecidas pelo mercado, colocar novas ideias em prática e fazer a diferença com seus produtos e serviços para o público consumidor.
O primeiro e principal passo é elaborar um plano de negócios.
"O plano de negócios descreve por escrito os objetivos e quais caminhos devem ser seguidos para alcançá-los, diminuindo riscos e incertezas. Esse planejamento vai demonstrar se o seu negócio é viável, considerando estratégia, mercado, operações e gestão financeira", acrescenta Ramos.
O gestor ainda fala ao G1 que existem alguns segmentos que se destacaram nesse período de pandemia, os quais utilizaram o e-commerce e o delivery para atenderem as necessidades dos clientes.
"Porém, para identificar a melhor oportunidade de acordo com o seu perfil empreendedor, será necessário fazer uma pesquisa de mercado", destaca.
Não somente durante o período de pandemia, o Sebrae oferece diversos cursos para quem pretende abrir o próprio negócio.
Na região de Presidente Prudente (SP), em 2019, por exemplo, o número de atendimentos feito pelo órgão foi de 29.788, sendo 19.588 destinados a mulheres e 13.200 aos homens.
Já em 2020, ano em que ocorreu a pandemia, esse número aumentou. Foram 38.874 atendimentos, sendo 22.789 para mulheres e 16.085 para homens.
Ramos ainda explica ao G1 que o Sebrae oferece exclusivamente para mulheres duas opções de empreendedorismo: 1.000 Mulheres e Sebrae Delas.
"Fora esses, temos mais de 200 cursos disponíveis em diversos formatos e canais, como programas e projetos oferecidos para os diversos segmentos do agro, comércio, serviço e indústria, os quais são comum para todos", diz.
Mas como colocar em prática esse empreendedorismo no atual cenário econômico?
Conforme o gestor de negócios, nas crises surgem oportunidades e nesse momento é importante atentar-se para:
Ainda conforme Ramos pontua ao G1, o Sebrae oferece cursos para quem pretende abrir um negócio, como também para quem já possui.
Além disso, o Sebrae desenvolveu programas específicos para produtores rurais, mulheres, varejo, beleza, serviços e indústrias, os quais envolvem capacitação, acesso a mercado e acesso a crédito, para que o empreendedor possa realizar uma boa gestão do seu negócio.
Luiziane Gomes Borges Bettine, de 36 anos, que é cearense, mas mora em Presidente Prudente há quatro anos, encontrou no empreendedorismo uma oportunidade de recomeçar no mercado de trabalho depois de ficar desempregada. Formada em hotelaria e turismo, administração e técnica de enfermagem, ela encontrou no empreendedorismo on-line a solução para a situação em que se encontrava.
No empreendedorismo on-line, Luiziane conta ao G1 que encontrou oportunidades de um novo aprendizado, uma nova linguagem no meio tecnológico, e descobriu uma nova especialidade: o marketing digital.
Depois que ficou desempregada, Luiziane nunca se permitiu desanimar.
“Em outubro de 2019, fui demitida de uma empresa sem justificativa e, então, parei e pensei em uma forma de usar minhas experiências e trazer para a minha realidade um novo caminho a percorrer. O empreendedorismo on-line abriu portas para mim, conheci pessoas de vários estados, diversas áreas, fui desafiada e me ajudou a manter as contas de casa junto ao meu esposo, me senti útil e vitoriosa. É na crise que descobrimos nossa capacidade de inovar, de se reinventar”, fala ao G1.
Logo após o desemprego, teve início a pandemia do novo coronavírus, mais um desafio vencido por Luiziane.
“Não foi fácil, principalmente morando em uma cidade do interior, mas também não foi impossível”, destaca ao G1.
A empreendedora ainda enfatiza ao G1: “É possível, sim, empreender na crise, basta olhar em volta e perceber qual a necessidade do mercado. Quando surgiu a pandemia, já estava atuando havia três meses, divulgando minha marca, meu nome e meu trabalho, e foi aí que percebi que a internet seria minha aliada nessa crise, pois tudo estava fechando fisicamente e o mundo estava entrando na era digital com toda sua totalidade”.