Sem dúvida, boa parte dos trabalhadores brasileiros estão com uma pergunta na cabeça neste início de 2021: de onde eu vou trabalhar este ano? Isso porque, devido à pandemia - que consequentemente provocou uma mudança de postura e aceitação em relação ao trabalho remoto em muitas empresas -, nunca houve momento melhor para os aspirantes a nômades digitais, ou seja, aqueles que desejam trabalhar de qualquer lugar do mundo para qualquer lugar do globo.
Note que antes de 2020, este parecia ser um cenário bem distante para boa parte das empresas e dos colaboradores. Agora, o sonho de muitos profissionais (antes viajantes) que buscavam exercer seus trabalhos de qualquer lugar, via internet, tornou-se viável em um mundo cada vez mais conectado e sem fronteiras. E isso parece ser parte do novo normal.
É claro que tal novidade acarreta questões migratórias, regulatórias, tributárias e trabalhistas que ainda precisam ser estudadas de forma mais aprofundada. Mas o que eu gostaria de chamar atenção aqui é o fato de que o trabalho em casa foi estratégia adotada por 46% das empresas durante a pandemia, segundo a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise Covid-19. O estudo elaborado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) coletou, em abril de 2020, dados de 139 pequenas, médias e grandes empresas que atuam em todo o Brasil.
Perceba o quanto este número é representativo: quase metade das empresas brasileiras adotaram o home office nos últimos meses. De acordo com o estudo divulgado dia 28 de julho de 2020, 41% dos funcionários das empresas foram colocados em regime de home office, quase todos os que tinham a possibilidade de trabalhar a distância, que somavam 46% do total dos quadros. No setor de comércio e serviços, 57,5% dos empregados passaram para o teletrabalho; nas pequenas empresas, o percentual ficou em 52%.
Todos esses indicativos nos mostram para onde o mercado está caminhando. Para o consultor de negócios Joel Gopfert, um nômade digital pode ser entendido como um profissional que trabalha remoto e de qualquer lugar do mundo. Segundo esse pensamento, a questão é não se importar realmente de onde se irá trabalhar.
O que as empresas, no geral, precisam refletir agora é sobre como dar suporte e condições reais de trabalho para seus colaboradores que já não precisam mais estar nos escritórios dessas companhias. Além disso, é possível pensar ainda em questões como a flexibilização de contratos, afinal, ainda faz sentido pensar em exclusividade? Há também a possibilidade de acessar colaboradores que antes pareciam ser "impossíveis" de integrar o time.
Por fim, nunca é demais lembrar que mudanças levam tempo para ser totalmente aceitas e que não resistir a elas é um excelente começo para quem deseja implantar novos hábitos nas empresas. E isso significa dizer que, se ser um nômade digital, ou um trabalhador remoto, tornar-se um hábito para uma pessoa, então a mudança estará consolidada para ela e, consequentemente, para as empresas para as quais irá trabalhar.
Neste momento histórico da humanidade, torna-se extremamente apropriado valer-se da flexibilidade de ideias e ações para que o novo ano seja, de fato, mais promissor.