Apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) como um esquema de pirâmide financeira disfarçado de consultoria de investimentos em criptoativos, a GAS Consultoria Bitcoin suspendeu o pagamento dos rendimentos devidos a clientes, de acordo com relatos que chegaram à reportagem do SUNO Notícias.
Segundo um homem que se apresenta como cliente da GAS Consultoria Bitcoin e que preferiu não se identificar, consultores ligados à empresa teriam sido informados na última quarta-feira (15) que um suposto bloqueio de contas estaria impedindo as transferências dos rendimentos. Em suas propagandas, a GAS prometia retornos de até 10% ao mês com as pirâmides financeiras.
O pagamento dos rendimentos, explicou o homem, tem sido feito normalmente até aqui, mesmo depois da prisão de Glaidson Acácio dos Santos, apontado pelo MPF como cabeça do suposto esquema. Agora, no entanto, os relatos de calote estão se multiplicando, especialmente na cidade de Cabo Frio (RJ), onde Glaidson reside.
"Consultores estão informando que contas foram bloqueadas e diante disso a empresa não vai conseguir honrar com os pagamentos", disse.
Advogado especializado em mercado de capitais, Artêmio Picanço disse ao SUNO Notícias que não recebeu com surpresa os relatos de que os pagamentos foram suspensos para os clientes da GAS Consultoria Bitcoin.
"Já era esperado: esse mesmo caminho foi percorrido por outras empresas que se mostraram pirâmides financeiras, como a Atlas Quantum", lembrou Picanço, em referência à empresa de Rodrigo Marques dos Santos. O esquema da Atlas desmoronou no fim de 2019, quando tinha mais de 200 mil clientes.
Em nota, a GAS Consultoria Bitcoin reconheceu que "foi atingida por uma ordem judicial de bloqueio de R$ 38 bilhões, valor muito superior ao montante global de seus compromissos" e afirmou que está recorrendo da decisão da Justiça.
A empresa acusada de pirâmide financeira garantiu estar comprometida com "a missão de remunerar seus clientes" e disse crer que "tudo será esclarecido e que a verdade e a justiça prevalecerão".